‘Certa vez, um
discípulo perguntou a Confúcio (551-479 a.C), fundador do que seria a escola
dos letrados (também conhecida como Confucionismo), quais as três coisas
fundamentais para se ter um bom governo. Confúcio respondeu:
- Um bom
exército, comida e confiança nos líderes.
O discípulo
voltou a insistir, querendo saber se era possível retirar algum desses itens e
continuar a se ter um bom governo. Confúcio respondeu:
- Sem um
exército, um povo bem alimentado e confiante luta;
sem comida, um povo que confia nos seus líderes faz qualquer coisa. Pode-se ter
um bom governo sem comida e sem exército, mas sem líderes confiáveis, mesmo um
país rico e bem guardado está fadado à ruína.’¹
Em analogia, os mesmos princípios podem ser aplicados às
empresas e seus líderes.
Desde um exército de um homem só até o pelotão formado
por centenas de soldados, o corpo de funcionários de uma organização é de
fundamental importância para seu crescimento e desenvolvimento, posto que as
qualidades individuais dos colaboradores possam tornar-se fonte de vantagem
competitiva. Tanto maior será esta vantagem, quanto maior for a integração e
motivação da equipe. É, de fato, como um exército: quanto mais habilidosos e
decididos forem seus combatentes, maior a possibilidade de vitória. Precisam,
apenas, ter confiança na causa e no comandante da operação.
Talvez, porém, sua equipe não seja tão habilidosa, ou não
tenha as tantas ferramentas eficazes e tecnológicas que gostaria que tivessem.
Mas se estão bem alimentados, lutam. O termo aqui não se limita à literalidade
do ‘ter o que comer’. É uma condição que descreve os pressupostos básicos do
atendimento das necessidades dos liderados. Faz-nos olhar para o que descreve
Abrahan Maslow, em sua teoria sobre a Hierarquia das Necessidades, cujas
conquistas galgadas abrem espaço para novos anseios do indivíduo. Ou seja,
mesmo sem todo o aparato tecnológico ou sem todas habilidades que se julgam
necessárias que sua equipe tenham, esta, ainda assim, se confiante nos seus
líderes, podem ser fator crítico do sucesso da organização.
Voltamos, portanto, à máxima de Confúcio quando afirma
que ‘sem líderes confiáveis (...) está-se fadado à ruína’. Esta passagem é
verdadeira para as empresas porque, ao contrário do que se apregoa, ‘todos os
colaboradores são adultos responsáveis e querem dar o melhor de si’². Os
colaboradores irão perceber e reagir à maneira como são tratados, e são
perfeitamente capazes de intuir a confiabilidade dos seus líderes.
Com isso, entende-se que aquele que exerça uma posição de
liderança na empresa, seja como presidente, diretor, gerente, enfim, deve
emanar confiança – ao cumprir suas promessas, ao zelar pelos direitos de seus
colaboradores, ao reconhecer suas culpas e suas inabilidades, ao saber
comunicar os objetivos empresariais – e, assim, terá maior possibilidade de
liderar uma equipe que conduza a empresa à vitória.
Frente às conversas sobre a crise, à pressão por melhores
condições de trabalho, ao despreparo técnico dos trabalhadores e tantos outros
temas que desafiam o crescimento das empresas contemporâneas, o poder que a
confiança é capaz de exercer em prol da mudança é reconfortante: não gera
gastos adicionais, não tem impactos na estrutura organizacional e o efeito
colateral tende a ser bastante positivo.
Mas não se engane: isto valerá apenas para enquanto sua
equipe entenda e perceba uma impossibilidade de fazer, ou seja, seus
colaboradores não estarão para sempre à disposição da empresa, para o que der e
vier. Eles leem a situação e sabem compreender quando o salário precisa ser
baixo, quando as condições não são propícias a se proporcionar benefícios e
quando não há como proporcionar uma possibilidade de desenvolvimento
profissional. Mas parte da confiança dos liderados em seus líderes está em
saber que, quando a situação se tornar favorável, a empresa reconhecerá a
lealdade nos tempos difíceis e lhes proverá a devida recompensa pelo seu
trabalho.
Bruna
Gonçalves.
¹ extraído do livro A
Arte da Guerra, de Sun Tzu, traduzido por André Bueno, em nota de rodapé.
² adaptado de Hayes,
Wheelwright e Clark (Dynamic
manufacturing: creating the learning organization, 1988, p.252)
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